segunda-feira, 18 de julho de 2011

Atenção Farmacêutica - Desafios e Expectativas

Durante o período acadêmico, muitos de nós aprendemos os conceitos sobre medicamentos, mecanismos de ação, doenças e de que forma essas informações poderiam de alguma forma nos ajudar na prática profissional. Por alguns momentos nos arriscamos a experimentar um pouco da realidade nas farmácias na esperança de vivenciarmos o que seria realmente a prática da ATENÇÂO FARMACÊUTICA e assim acabar com o estigma de que “farmacêutico em drogaria é um mero digitador ou despenseiro de medicamentos”. E assim, nos deparamos com uma realidade: A prática da Atenção Farmacêutica era nada mais que uma matéria ou um tópico que aprendemos na faculdade, mas que na realidade, não acontecia. Entretanto, nos últimos anos, vivemos um momento propício para que a atenção farmacêutica torne-se realidade nas farmácias e drogarias.
Com o objetivo de prevenir problemas relacionados ao uso indiscriminado de medicamentos, a prática de atenção farmacêutica se faz necessária em todos os estabelecimentos do Brasil, entretanto pode-se dizer que apenas alguns estados ela acontece verdadeiramente. Os primeiros debates sobre o tema no país começaram no final da década de 90, mas somente após a implantação da RDC 44/09, estes serviços tornara-se uma constante na rotina profissional. De acordo com a presidente do conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP), Raquel Rizzi, “o farmacêutico deve estar preparado tecnicamente, o que significa ter informações sólidas e atuais sobre farmacologia, saber identificar reações adversas e outros problemas relacionados a medicamentos, fisiopatologia das doenças, sintomas, complicações e formas de prevenção.” E este é o primeiro desafio para o profissional da atualidade – reciclar os conhecimentos. É necessário que o este farmacêutico faça cursos, participe de palestras, congressos, ou seja, busque constante atualização para que assim, possa prestar um serviço de saúde adequado e de qualidade aos usuários de medicamentos.
Na prática, a prestação dos serviços deve ser permitida por autoridade sanitária mediante prévia inspeção para verificação do atendimento aos requisitos mínimos dispostos na RDC 44/09, o que nos leva ao segundo desafio: Adequação. Todo estabelecimento deve dispor de um espaço físico para prestar a atenção farmacêutica adequadamente, porém, alguns de nós que já atuamos em farmácias de bairro, sabemos que muitas vezes, não se dispõe de tal espaço. E são nas pequenas farmácias que se observa a maior demanda deste serviço, onde o cliente se sente mais confortável, mais acolhido e desta forma, mais aberto a receber informações do profissional no qual ele confia, o farmacêutico.
De acordo com a RDC 44/09, o usuário de medicamentos pode desfrutar de uma gama de serviços que antes não estavam à sua disposição:
· Atenção Farmacêutica domiciliar
· Aferição de parâmetros fisiológicos como pressão arterial e temperatura corporal e parâmetros bioquímicos (glicemia capilar).
· Administração de medicamentos (injetáveis, inalatórios..)
· Perfuração do lóbulo auricular para colocação de brincos
Obs.: Para realizar estes serviços, o estabelecimento deve ser devidamente licenciado além de contar com outro farmacêutico no local para substituir, em caso de assistência domiciliar.
De acordo com Denise Funchal, coordenadora do Curso de Pós-Graduação Atenção Farmacêutica - Formação em Farmácia Clínica do Instituto Racine, “no cenário atual, a profissão farmacêutica tem oportunidade única de inserção na linha de cuidado do paciente por meio da aplicação da filosofia da atenção farmacêutica na sua prática profissional assistencial. Mas, para que isso aconteça, é necessário, entre outras medidas, redesenhar a formação do farmacêutico, tanto a graduada quanto a pós-graduada. É necessário mudar a abordagem dos conteúdos das disciplinas e preparar o corpo docente, responsável direto pela formação clínica, reflexiva e humanística do profissional. O farmacêutico precisa estar preparado para se vincular ao paciente, única forma possível de conseguir aplicar os seus conhecimentos técnicos para contribuir com a resolução dos problemas farmacoterapêuticos”. E este é o último e grande desafio da profissão farmacêutica na atualidade, que necessita se organizar e se preparar se quiser aproveitar as conquistas obtidas até então, como as propagandas que introduziram a orientação “consulte um médico e um farmacêutico” e a confiança dos pacientes, para atendê-los de forma responsável e comprometida.



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