quarta-feira, 8 de junho de 2011

Fibras, exercícios físicos e saúde

As pesquisas e censos realizados em todo o mundo dão conta de que estamos diante de um dos maiores problemas de saúde pública já enfrentado: a obesidade ultrapassou grupos populacionais anteriormente definidos, saiu das cidades e alcançou o campo, deixou os bairros socialmente privilegiados e invadiu as favelas, deixou para trás o ocidente e se alastrou pelos povos orientais. São mais de 1,6 bilhões de pessoas com sobrepeso em todo o mundo!!! Esse número assustador já ultrapassou há muito tempo os 800 milhões de desnutridos espalhados pelo mundo, fazendo da obesidade uma pandemia, responsável direta ou indiretamente pela maior taxa de mortalidade imposta por qualquer fator de risco existente. No Brasil, de acordo com a última pesquisa IBGE 2002-2003, num universo de 95,5 milhões de pessoas acima dos 20 anos há 3,8 milhões de pessoas (4%) com déficit de peso e 38,8 milhões (40,6%) com excesso de peso, dos quais 10,5 milhões são consideradas obesas. Vários estudos epidemiológicos têm demonstrado uma relação inversa entre o teor de fibras na dieta e o ganho de peso. Apesar de tais estudos não permitirem a conclusão de casualidade, muitos países tem investido em mudanças no estilo de vida da população e um dos pontos comuns é o reconhecimento do consumo das fibras a partir de grãos integrais, frutas e verduras. Em uma das mais recentes publicações sobre o tema, os autores conseguiram conduzir um estudo de coorte prospectivo, com pessoas de 20 a 79 anos de idade, provenientes de oito cidades de cinco países europeus, durante mais de seis anos. Os resultados deram conta de que o total de fibras de sua dieta, principalmente cereais, foi inversamente associado ao ganho de peso e à circunferência da cintura e que o acréscimo de 10 g de fibras poderia prevenir 10% do ganho de peso anual observado entre os europeus.
Um detalhe curioso que se observou na pesquisa é que o nosso consumo de gordura não sofreu mudanças significativas ao longo das últimas décadas, porém nossos alimentos estão cada vez mais refinados, o que nos leva a questionar sobre a real influência da gordura na questão da obesidade.
As fibras da dieta podem facilitar o controle de peso através de vários mecanismos. Primeiro, porque os alimentos ricos em fibras são sacietógenoa e menos calóricos, levando ao consumo de menor volume de alimentos e de calorias. Segundo, as fibras da dieta podem aumentar a viscosidade das dietas e tornar mais lenta a digestão, aumentando a secreção de colecistoquinina e peptídeo glucanon-símile 1, que promovem ainda mais saciedade. Terceiro, as fibras da dieta podem impor uma barreira mecânica à digestão enzimática dos demais macronutrientes como as gorduras e amido no intestino delgado. E por fim, com a maior lentidão imposta pelas fibras à absorção de carboidratos, pode haver redução da resposta glicêmica pós prandial, melhora na sensibilidade à insulina e maior oxidação de gorduras.
Com todas essas evidências, o conteúdo de fibras na dieta parece ser realmente um importante pilar na luta contra a obesidade no mundo, mas ele não funciona isoladamente. Já é consenso o conhecimento de que o sedentarismo da sociedade moderna seja um dos mais importantes fatores causais da obesidade. Crianças e adultos caminham menos e encontram no controle remoto a solução de seus afazeres. Crianças brincam mais com o cérebro e menos com os braços e as pernas. Nas grandes indústrias, a robotização transformou o trabalho em atividades muito leves e os executivos saem do assento do trabalho para o assento do carro e de lá para o sofá de casa com um gasto calórico diurno praticamente igual ao noturno.
Finalmente, a alimentação precisa ser balanceada e atender às recomendações nutricionais. A OMS recomenda que o açúcar de adição não ultrapasse 10% das calorias de uma refeição. O resultado do consumo excessivo de açúcar é sempre AMARGO e um dos responsáveis pela epidemia de obesidade e diabetes em todo o mundo, principalmente entre crianças e adolescentes. Assim, a luta contra a obesidade só poderá ser alcançada quando conseguirmos aliar todos esses fatores em prol da saúde das gerações futuras.

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